[vc_row][vc_column width=”1/1″][separator headline=”h3″ style=”left” width_style=”short” title=”CULTURA POMERANA”][vc_tour interval=”0″][vc_tab title=”Casamento” tab_id=”375c63d9-b14a-7″][vc_column_text]

A FESTA DE CASAMENTO

O casamento tradicional pomerano ainda acontece nos municípios do Espírito Santo, e guarda uma relação de continuidade com o passado. Os proclamas no culto religioso ocorrem cerca de um mês antes da oficialização da união matrimonial, período em que tem início os preparativos para a festa: construção do forno e galpões. Tudo é feito coletivamente por amigos, vizinhos, parentes, cozinheiras e por copeiros e copeiras.

A época ideal para casamentos é o mês de maio, o mês das noivas (hochtijdsmånat). Evita-se casar na quaresma (Fasten), no mês de agosto (august), no período das doze noites (twölwte) e em ano bissexto (schaltjår). Quando são realizados nesse período, os casamentos acontecem em janeiro ou, no mais tardar, início de fevereiro.

A festa dura três dias e é realizada na casa dos pais da noiva. O convite é feito pelo convidador (hochtijdsbirer), que é o irmão caçula da noiva. Ele parte a cavalo, de motocicleta ou de bicicleta, levando uma garrafa de vidro pequena contendo cachaça (snapsflasch) e enfeitada no gargalo com um pingente de fitas coloridas de cetim e ramos de tuia ou de alecrim. Ao aproximar-se da casa, anuncia-se com três gritos característicos. O convidador entra na sala de estar sem saudar as pessoas e, em pé ou andando em círculos, profere a sua fala-convite para o casamento, em forma de versos.

Após a fala, o proprietário ou outro membro da casa toma um gole de bebida, selando deste modo o compromisso de comparecimento. Antes de partir, o rapaz recebe da casa um lenço colorido, que é preso às suas costas. Estes lenços que ganha das famílias visitadas o hochtijdsbirer usa no dia do casamento. Se o convidador encontrar a casa fechada, ele solta gritos em falsete, anunciando, assim, a sua chegada à família que se encontra na lavoura. Antigamente, o convidador de casamento conseguia chamar poucas famílias em um dia, pois os convidados moravam muito afastados uns dos outros.

As festividades têm início na quinta-feira, véspera do casamento. São feitos os pães, biscoitos e variedades de linguiça. As cozinheiras (koiksche) preparam também a comida para o dia seguinte. À noite é realizado o ritual do Quebra-Louça (Pulteråwend), presenciado por parentes, vizinhos e os colaboradores (copeiros/as, cozinheiras, padeiros). A carne de galinha é um ingrediente indispensável na festa de casamento, pois ingeri-la significa que todos os presentes interiorizam a percepção da ave: denunciar os elementos estranhos que porventura quisessem se aproximar do jovem casal.

No dia seguinte, começa o casamento propriamente dito. Na sexta-feira, por volta das 9h, os noivos e convidados dirigem-se ao cartório, onde é realizado o casamento civil (thoupsrijwen) e depois seguem para a igreja, onde acontece a cerimônia religiosa do casamento (truug). Este trajeto é feito num caminhão enfeitado de ramos e flores. Todos participam de forma alegre e ruidosa, não faltando fogos de artifício e música de baile.

Depois, seguem para a casa dos pais da noiva, onde é servida uma farta refeição. No início da noite, há o jantar e ao fim deste segue-se a dança dos noivos, que é iniciada por eles próprios, seguido dos pais, testemunhas e demais convidados. No final da dança, os homens dão uma quantia em dinheiro, como gratificação. Por volta da meia-noite tem início a dança da grinalda (kransafdans) e o conjunto de danças rituais encerra-se com a dança da vassoura (haudafdans).

No último dia de festa, há a participação de um número expressivo de convidados que tem por finalidade encontrar-se para visitar os recém-casados, comer e beber o que sobrou do dia anterior. Em alguns casos, há baile à noite. O jovem casal irá residir na terra dos pais do noivo.

QUEBRA-LOUÇA

No ritual do Quebra-Louça, faz-se muito barulho e algazarra. Quebrando–se louças de porcelana, afugentam–se os maus olhares, que eventualmente possam prejudicar a vida matrimonial. O Quebra-Louça é conduzido por uma mulher, geralmente idosa, parente de um dos nubentes. Em meio à sua fala cerimonial, que tem por finalidade trazer felicidades para o jovem casal, a mulher quebra as vasilhas de porcelana que traz no bolso do avental ou na mão. Em cima dos cacos tem início o baile e, enquanto todos dançam, os noivos tentam varrer os cacos para fora do salão, ao mesmo tempo em que os copeiros procuram varrê-los ou chutá-los para o interior do recinto. Os noivos juntam os cacos em conjunto, simbolizando que as decisões na família serão tomadas por ambos. Os cacos são guardados para trazer sorte. Para o ritual do Quebra-Louça, costuma-se fazer linguiça de bucho de boi e, para a festa de casamento, na sexta-feira, faz-se linguiça de boi (mista). A comida servida na noite do Quebra-Louça é a sopa de miúdos de galinha e outros ingredientes (hinerpouten).

VESTIDO PRETO SIMBOLIZA MORTE SOCIAL

Santa Maria de Jetibá. Início do século 20

Antigamente, o trajeto dos noivos para a igreja era feito a cavalo que era enfeitado com ramos de ciprestes e flores de papel colorido. A noiva era arrumada por sua mãe e trajava vestido preto de cetim com uma faixa, igualmente de cetim, de cor verde na altura da cintura, e uma coroa verde, tecida de murta, alecrim ou de cipreste, adornada com flores de laranjeira. No Espírito Santo, este costume perdurou até a década de 1940, quando as noivas passaram a usar vestido branco. Há várias tentativas de explicar o uso do preto pela noiva. Vejamos algumas:

1) “Quando uma moça se casava, sua primeira noite não era com o marido, mas com o senhor feudal. Elas começavam a vestir-se de preto em sinal de protesto. A tradição de casar de preto nasceu como protesto, no tempo em que a noite de núpcias era com o senhor feudal. O vestido preto recorda o sofrimento da noiva quando ela era violentada pelo senhor feudal”.

2) “A noiva trajava vestido preto por causa do clima frio da Pomerânia”.

3) “Aqui no Espírito Santo o vestido preto era pura falta de recursos”.

No entanto, o autor considera a tese baseada em estudos antropológicos a que melhor dá conta de explicar este costume, pois as práticas culturais de um povo não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de classes sociais (senhor feudal versus servo camponês) ou a determinismos geográficos, como o clima. Devemos, pois, procurar as explicações para o uso do vestido preto tendo por base a estrutura social das comunidades pomeranas. Assim, é muito importante observarmos a regra de residência pós-nupcial vigente entre os pomeranos, e as consequências deste deslocamento para a jovem noiva.

Os rituais nupciais marcam o momento da separação da noiva de sua família, pois diante da regra de residência patrilocal, a mulher se desloca da sua rede de parentesco, isto é, após o casamento, a mulher desloca-se da casa paterna e vai morar na terra do marido. As primeiras semanas do casamento são chamadas de “as semanas de ouro” do jovem casal (stuuteweeke). O termo composto evoca um alimento muito apreciado e desejado: o pão de trigo de padaria. Designa as primeiras semanas seguintes ao do casamento, período durante o qual o casal está se adequando à nova vida.

Trata-se dos primeiros tempos do casamento, quando o relacionamento corre bem entre ambos, período também conhecido como “semanas dos beijos” (pussweeke). Depois, conforme muitos opinam, têm início as “semanas do porrete” (knüpelweeke). As “semanas do porrete” são o período posterior ao primeiro mês de casamento, caracterizado por pequenas desavenças entre os cônjuges. São os tempos dos desentendimentos entre o casal, quando a disputa pela autoridade e a gerência de negócios da propriedade rural se tornam acirradas. Desse modo, o vestido preto simboliza morte social, separação da noiva de sua família, pois quem se desloca de sua rede de parentesco é a mulher.

Prof. Dr. Ismael Tressmann

O autor é Mestre e Doutor em Linguística (Etnolinguística) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professor da Faculdade da Região Serrana (Farese) e assessor do Programa de Educação Escolar Pomerana (Proepo).

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Religião Pomerana

A religiosidade é uma das características mais marcantes dos imigrantes luteranos. O reformador Martim Lutero criou a “Rosa de Lutero” como símbolo da Igreja de Cristo. A primeira Igreja do município foi construída em Jequitibá, em 28 de setembro de 1882, por Hartwig. As paredes eram socadas, largas e sem tijolos. Os sinos foram comprados na Alemanha, vindos de navio até o porto de Vitória, com embarcações menores até Santa Leopoldina e depois carregados nos ombros dos imigrantes até Jequitibá.

A igreja é o centro dos encontros dos luteranos. Além do aspecto religioso, a igreja é o momento de convívio social, permitindo o entrosamento entre as famílias das comunidades servindo até mesmo de escola. No calendário da Igreja Luterana temos, em especial, a Festa da Colheita. Trazida pelos antepassados da Pomerânia, a festa é celebrada em cultos de agradecimentos pelos bons frutos colhidos ao longo do ano.

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Língua Pomerana

O Programa de Educação Escolar Pomerana – Proepo, no município de Santa Maria de Jetibá, é um programa formalizado por meio de parceria interinstitucional entre cinco prefeituras no estado do Espírito Santo. Trata-se de um Programa Educacional Público que desenvolve um trabalho político e pedagógico bilíngue, que foi impulsionado pelo desejo da população local, descendentes de pomeranos. Ao longo do desenvolvimento do Proepo, obtiveram-se conquistas importantes que ultrapassaram a esfera escolar como a criação da Comissão Municipal de Políticas Linguísticas; aprovação da Lei Municipal de Cooficialização da Língua Pomerana e realização do Censo Linguístico.

O trabalho de fortalecimento e valorização da língua e da cultura pomerana tem sido compreendido como uma necessidade educativa local que além de resgatar aspectos históricos contribui para elevar a autoestima dos (as) estudantes e para o processo de reafirmação da identidade cultural e linguística local, com importantes impactos na implementação de políticas culturais públicas locais.

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Casas Típicas

casa-tipicaA mistura entre a cultura pomerana e alemã, tão comum em Santa Maria de Jetibá, é facilmente vista na construção das casas. O município é repleto de moradias antigas e modernas, que simbolizam o costume e a realidade desses povos na época da colonização e nos dias de hoje. As moradias tradicionalmente pomeranas são simples, construídas com madeiras de lei pegadas na floresta. O reboco é feito com argila, a pintura com barro branco e a cobertura com pequenas tabuinhas colhidas na mata. A cor das construções é basicamente branca nas paredes e azul nas portas, janelas e varandas, cores que simbolizam o branco da neve e o azul do céu da Pomerânia. Na frente, geralmente há uma grande varanda, que às vezes ocupa todo o entorno.

Muitas dessas casas foram construídas com o sistema de mutirão, no qual vários vizinhos e amigos se juntam para ajudar. As casas pomeranas são geralmente espaçosas, com um banheiro externo, forno à lenha, galinheiro, chiqueiro e paiol onde são guardadas coisas diversas. Ainda hoje é comum encontrar essas moradias no interior do município.

Por medo dos animais ferozes, principalmente as cobras, essas casas foram construídas um pouco acima do chão. Geralmente esse espaço é usado para guardar objetos diversos e até automóveis. No assoalho existem grandes gretas, que servem para refrescar a casa em tempos de calor.

Na sede do município, são encontradas com frequência as casas com o estilo gótico e colonial, chamadas de enxaimel. Influência dos alemães, essas casas criam uma harmonia e um clima europeu em Santa Maria de Jetibá.

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Música

crianca-acordeonA música sempre esteve presente na vida dos pomeranos. Seu estilo diferenciado de compor ao som da concertina anima as tradicionais festas como o casamento, o batismos, os bailes entre outras.

A concertina, trazida pelos imigrantes, é o instrumento musical que mais toca o coração e a alma do pomerano. Ela está presente em todas as festas e atividades coletivas. No silêncio de sua casa, junto à sua família, é que o tocador começa a aprender o instrumento e a ensaiar as músicas que, posteriormente, serão utilizadas nos encontros comunitários como festas de ajuntamento, casamentos, forrós e festas nas comunidades.

Outro ritmo contagiante é o dos trombonistas. Atualmente o município possui 10 grupos que reúnem mais de 300 instrumentistas. Fazem parte de um mesmo grupo crianças, jovens, adultos e idosos, todos reunidos em prol de um único objetivo: alegrar e confortar a população.

O estilo musical dos trombonistas tornou-se uma tradição que vem sendo passada de geração para geração. Os pais ensinam para os filhos, os tios para os sobrinhos, e quando se percebe está tudo em família.

Outro destaque da música pomerana está relacionado aos variados grupos musicais da cidade, que incluem em seu repertório músicas tradicionalmente alemãs, com algum uso de ritmos pomeranos e nacionais, estilos atuais, versões em português de músicas alemãs – para entendimento de todos – e ritmos nacionais com letra e versão alemã.

trombonistas

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Comidas Típicas

Comida TípicaCom o passar dos anos, mesmo com a facilidade e disponibilidade de compras de suprimentos alimentares, muitos pomeranos ainda preservam a tradição alimentar que consiste no preparo de seus próprios alimentos, preservando receitas de geração para geração.

São exemplos da alimentação pomerana:

Pães:

  • Milhabrot ( pão de milho, preparado com batata doce, cará, aipim e fubá de milho branco ou amarelo).
  • Spitsbuben ( bolo Ladrão)
  • Kasekuchen (bolo de queijo)
  • Streuskuchen (bolo com farofa)
  • Strudel (bolo com frutas)
  • Biscoitos caseiros de nata, polvilho ou amanteigado.

Comidas salgadas:

  • Linguiça de carne de boi
  • Queijo tipo puina e schmierkase (qualhada)
  • Blutwurst (chouriço feito de sangue e miúdos de porco)
  • Batata ensopada
  • Sopas (canja, aipim cozido socado, batata doce socada, sopa com rosca) Comidas doces:
  • Firsichup (sopa de ameixa)
  • Arroz doce
  • Banana-nanica assada
  • Geléias de frutas da região.

Comidas doces:

  • Firsichup (sopa de ameixa)
    • Arroz doce
    • Banana-nanica assada
    • Geléias de frutas da região.

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Grupos Folclóricos

Resgatar a arte nativa dos antepassados. Com este objetivo surgiu na década de 60, o primeiro Grupo de Dança Folclórica de Santa Maria de Jetibá. No final dos anos 80 e início dos anos 90, houve o surgimento de inúmeros grupos representados pela juventude escolar. Hoje o município conta com seis grupos de danças pomeranas e alemãs, um de danças latinas, um de danças holandesas e um de capoeira.

O Espírito Santo é o resultado de uma mistura, um encontro de raças que faz a sua história rica de tradição e costumes. A herança européia está presente nas montanhas do interior do ES nas danças italianas, pomeranas, alemãs, holandesas e polonesas que resistem e renovam-se. Elas foram incorporadas à cultura popular capixaba e suas apresentações são demonstrações de pura alegria.

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2 respostas

  1. Bom dia, você pode entrar em contato com a Secretaria de Cultura e Turismo, através do telefone (27) 3263-4863

  2. Estou em busca de informações sobre os imigrantes da Europa que vieram ao Brasil.
    Meu nome Olivio Chervinski sou da região de EreximRS.
    Não consegui identificar meu sobrenome na Polônia (na Internet) penso que possa ter origem pomerana, como Czerwinski que aparentemente existia na Pomerania.
    Caso alguém tenha alguns informação gostaria de receber.
    Meu pai Chervinski e mãe Cieslak.

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